quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Quando a palavra não te deixa ilesa.


Quando a palavra não te deixa ilesa ou quando a verdade não te deixa ilesa? Não sei dizer ao certo tão ligada a coisa está. Escritores como Clarice Lispesctor e Caio Fernando Abreu e tantos e tanto outros possuem o dom de nos ferir a alma. Lendo Eduardo Galeano tenho andado assim. Machucada.

Galeano chega até as minhas viscéras.

Às vezes a palavra nem precisa ser escrita, nem precisa ser dita. Já sai gritando poraí. Grita pelos olhos: tenha compaixão de mim, eu luto por mim, eu desisto de mim...Vai pulsando nas veias de quem tem sangue e não água no corpo. Ainda tem gente que se faz de surda, de cega, de muda e paraplégica com a verdade a berrar.
Eu pegava um engarrafamento em direção ao trabalho quando o escritor uruguaio diz. '' Doze milhões de crianças menores de cinco anos morrem anualmente em consequência de diarreias, anemia e outros males da fome''. Parei. Apartir dali fiquei com o livro na mão imaginando a quantidade enorme de crianças, quantidade que não faço ideia.

Fui golpeada.

Não conseguir virar para a próxima página. Não dava e ainda não deu. Seria indecente demais passar por cima de fato tão triste como se fosse banal!
Pensei em quantas Milenas, Paulos, Marianas e Davis estava sofrendo, sobrinhos que tenho no mundo e não conheci.

O livro continua fechado em minha bolsa. Dificil de digerir.


Ps: fotografia do fotojornalista brasileiro: Sebastião Salgado.

2 comentários:

  1. prefiro nem comentar essas palavras que saem fritando por aí sem mesmo a gente abrir a boca, tô trabalhando arduamente no amor ao próximo e na compaixão pelas pessoas, difícil menina! mas tô trabalhando e muitas vezes sinto que o grito vira silêncio saca?

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