domingo, 28 de fevereiro de 2010

Conspiração Infantil


Domingo no ônibus em que eu voltava pra casa, uma menina chamava a atenção por suas ideias e perguntas, era uma dessas conversas desconcertantes de crianças.
Ela falava ' mãe porque o ônibus é grande?' essa mãe respondia com toda paciência do mundo, achei isso muito lindo...às vezes certos adultos falam com tanta brutalidade, que é pra parar logo de falar besteira e me dói ver nessas crianças o choro guardado no silêncio dos olhos.
Sorri muito quando a mocinha de tranças e blusa rosa falou assim:
-Mãe a Lua ta indo embora, acho que ela não gosta de criança.
Imagine! A Lua em toda a sua beleza só vem á Terra para ver essas pequenas estrelas!



domingo, 21 de fevereiro de 2010

Faxina


Hoje resolvi fazer faxina.
Separei muita coisa velha, papéis sem serventia, roupa que não cabia e inclusive suas desculpas que já estavam esfarrapadas.
Limpeza e organização fazem bem, assumir os próprios erros também.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A mulher do dedal



Hoje andando na Rua Grande de cabo-a-rabo atráz de um zíper verde de 50 cm vi um pote cheio de dedáis. Vi na ultima loja, eu já estava até desistindo da busca.
Lembrei da mulher do dedal de quando eu era criança: Tia Cota. Maria de Nazaré para os menos íntimos...É irmã da minha mãe, veio morar conosco para se tratar de um câncer mas a doença a levou sem que eu ao menos pudesse dizer adeus. Dizer adeus dói e não dizer dói mais ainda.
Tia Cota foi uma das pessoas mais calmas que conheci, nunca a vi ralhar, sequer franzir a testa em sinal de uma desaprovação qualquer. Além da paciência era exímia costureira e pra finalizar. A melhor tia do mundo.
O dedal é símbolo de um dos melhores presentes que recebi: uma boneca de pano feita especialmente pra mim. Que me dessem trilhões de barbies, brinquedo que dançasse, chorasse, enfim. Eu só queria aquela, com seu rostinho pintado à mão e roupinha de estampa simples.
Ela não me dava o objeto de desejo fácil, a boneca ela escondia e ficava naquela brincadeira de quente ou frio.Assim era muito, muito melhor.
A mulher do dedal me deixou, ficou a lembrança de sua face indígena , de uma boneca de vestido de listras verdes e brancas encima de um guarda-roupa e uma menina no batente da janela chorando por um corpo que não viu.



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ferréz.


Olá parcos leitores deste blog, estamos no meio de fevereiro e nada de eu vim aqui fazer minha homenagem do mês. Primeiro eu andava em dúvida sobre quem ia postar, um fotográfo francês ou sobre um grande sambista que morreu como lavandr de carros. Mas eu dei de cara com o Ferréz e a dúvida acabou, quero falar é sobre ele. Li o livro Capão Pecado [literatura marginal] e a realidade que tá lá não é a querem nos mostrar e vender da revista de CARAS!!! Estava precisando do que Ferréz me deu, um soco no meio do peito. Pra me convulsionar, pra me sacudir, me alertar. Desde já ,meu muito obrigado. O livro fala de Rael e sua vida no Capão Redondo, garoto que trabalha numa metalúrgica, sonha em ser escritor e lês quadrinhos iluminado por uma vela, peca ao se apaixonar pela namorada do melhor amigo. No desenrolar da trama vamos conhecendo a dureza, a violência e a tristeza que há no Capão, que há aqui e no Haiti. Isso me permitiu me questionar sobre coisas não-ditas que gritam no nosso cotidiano. Da dignidade de uma criança que vai pro ralo quando precisa pedir esmola pra comer.A fome é um tapa que insiste em bater. Da formação de marginais, de jovens que se perdem, dos sonhos idem...da raiva que sinto de desconfiar de um irmão[por achar suspeito] muitos roubam, porém são roubados desde o nascer, assaltados da própria infância. Queria vomitar mais aqui, mas as palavras saem apressadas e trôpegas, saem com dificuldade da minha garganta. Ferréz além de romancista, é poeta, contista , roteirista, rapper, fundador da 1Dasul, movimento que faz eventos culturais nos bairros da periferia e é marca de roupas produzidas na comunidade. E é ganhador de muitos prêmios , o prêmio maior não tem representação em medalha ou estátua, mas na cabeça que ele auxilou a abrir com a chave da consciência. Ferréz ta fazendo sua parte, eu também mantenho a minha, também não vou dizer o que faço e daquilo que abro mão ao estender o braço...Não preciso dos créditos e admiração de ninguém, quem vive de imagem é artista da Globo.

Ferréz é um híbrido de Virgulino Ferreira (Ferre) e Zumbi dos Palmares (Z) e uma homenagem a heróis populares brasileiros.

Ferréz começou a escrever aos sete anos de idade, acumulando contos, versos, poesias e letras de música. Antes de se dedicar exclusivamente à escrita, trabalhou como balconista, vendedor de vassouras, auxiliar-geral e arquivista. Seu primeiro livro, Fortaleza da Desilusão, foi lançado em 1997, com patrocínio da empresa onde trabalhava.A notoriedade veio com o lançamento de Capão Pecado que está na terceira edição, lançado em 2000, romance sobre o cotidiano violento do bairro do Capão Redondo, na periferia de São Paulo, onde vive o escritor.Ligado ao movimento hip hop e fundador da 1DASUL (marca de roupa totalmente feita no bairro).Ferréz atuou como cronista na revista Caros Amigos. Em sua prosa ágil e seca, composta com doses igualmente fortes de revolta, perplexidade e esperança, Ferréz reivindica voz própria e dignidade para os habitantes das periferias das grandes cidades brasileiras.

Texto extraído do site www.ferrez.com

Ps: Abiodun, valeu por me emprestar o livro.






* O tal do Sistema anestesia.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Vontade


Vontade de ser nós dois
(In)contida
Transpira na extensão da pele.
Fulgura no olhar
A palavra não-dita.
Desejo!
Desejo de se perder
No ato de pertencer.


domingo, 14 de fevereiro de 2010

A (famigerada) praia


Eu e as amigas-flores estávamos marcando uma praia há tempos. Quando Cabral desembarcou no Brasil nós ainda decidíamos esse passeio. Nunca dava certo, porque uma tava naqueles dias, porque outra tinha prova, porque faltava grana ou porque chovia. Gente que praia dificil viu!!!
Nos perdemos duas vezes no caminho, a motora do grupo afirmava que tinha certeza pra onde ia, jura? E o mais engraçado, é que a nossa cara do tipo: nunca-viemos-aqui tava gritante. Caminhando pro lado errado um camburão da polícia veio e nos escoltou até o lugar determinado. kkkkkkkkkkkkkkkkk. Hilário, da próxima levo bússola, mapa e pra garantir consulto o google maps antes.
Fomos à Praia do Amor, fica numa reserva, não tem bar, não tem guris morrendo de berrar, nem playboy disputando som automotivo. Tudo azul e tranquilo.
Todo mundo devia e merecia ter um dia assim, com um céu radiante, mar de lindeza sem-fim com amigos. Infelismente dias luminosos como estes não chegam para muitos, para aqueles marginalizados da sociedade. Da criança sem-infãncia do sinal, à mãe diarista que labuta pra sustentar cinco filhos. Eu não sou alheia da realidade, embora a massa seja alheia de si mesma.
Nós fugimos de qualquer coisa que lembrasse o carnaval, nada de frevo, bunda, facada ou sapucaí.
Obrigada por este domingo meninas, por me perder, pelas estancadas do carro, pelo riso, pelo chocolate na minha blusa, pela escolta no camburão da polícia pelo sol, pela areia, pelo gosto de sal, pela coca-cola quente, por uma picada de mosquito,por correr dos cachorros da Marinha, pela vaquinha, pelas histórias malucas. Quero outros dias ensolarados anunciar, com tudo de imprevísivel e engraçado a que tenho direito.















sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Fazer as pazes


Ontem fiz as pazes com meu irmão. Sem pai e mãe pedindo que nos desculpasse-mos como duas crianças. Confesso que isso me fez sentir lá no jardim de infância.
Nosso perdão mútuo aconteceu no escuro do meu quarto, sem muita prosa. Bastou um abraço.
Esse abraço consertou meu coração, que havia partido um pedaço.





Ps: Estou numa manhã de pós-chuva ouvindo Ellen Oléria.
Ps ²: Foto registrada no dia do aniversário do meu pai.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Aula de Marketing II



Continuando a mulecagem ops, a postagem.
Yonara, professora de marketing, fala que foi ao xopis com os filhos e observava as 'tribos' e com isso discutíamos sobre a criação de produto/serviço próprios para atender a necessidade de cada segmento de mercado. Ela acaba por falar sobre seu pai que precisou comprar uma camêra e a vendedora vendeu o produto mal.
Falando se ele podia pagar porque o preço era caro. Avaliou pessimamente o cliente influenciada pelo traje.
Yonara descreveu o pai(um geólogo ) como um cara estranho que vive com bota suja de lama, pochete, máquina fotográfica e mil trecos pendurados.Daí pergunto.
Indiana Jones?
Risos, muitos risos.
Papai do céu, eu preciso tomar jeito ^^

Aula de Marketing I


Hoje de manhã tive quatro horários de administração em marketing e sabe? Não foi nem um pouco chato, tenho uma turma muito boa , que sabe se concentrar mas também distrair.
Estavamos em círculo debatendo 10 perguntas e enfim tinham que falar da Coca-Cola, empresa completa,com umas das melhores logísticas do mundo,sobre como surgiu, prêmios, produção e blábláblá.
Daí a professora pergunta qual a visão da Coca-cola.
Eu procurava um prendedor de cabelo na bolsa e respondo falsamente séria.
-Dominar o mundo.
Galera começa a rir.
Ela novamente com assunto questiona, o que a empresa prentende conquistar com seu produto
Na minha típica cara-de-pau falo outra vez pausadamente e com aquela cara de quem faz : DAAAÃ.
-Do-mi-nar o mundo
Aí a risada foi geral!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Perseverança é para os fracos


Hoje lembrei de uma passagem do meu filme predilto: Cinema Paradiso. É um drama italiano dos anos 80 e tem uma trilha sonora bela [Ennio Morricone é o cara] e uma história sobre a paixão pelo cinema, protagozinada por Totó. Menino inteligente, de língua afiada que é guiado por Alfredo. Alfredo é o projecionista que conhece as engrenagens que rodam os filmes.É muito bonita e poética a amizade que há entre eles. Isto acontece em tempos que antecedem a televisão. Totó quando cresce apaixona-se por uma moça nova na cidade[Helena]que é bem nascida e rica. Namoram mas não dá certo. Alfredo que nesta parte do filme está cego devido um incêndio conversa com Totó adolescente, ele que assume seu lugar na projeção do Cinema Paradiso. E por causa dessa conversa ele fica todas as noites na frente da casa de Helena, sobre chuva sobre o frio, dia após dia, ele permanece lá em pé, a espera de um sinal, de que ela abra as janelas afirmando que o quer. Mas ela não abre. Ele esperaria 100 dias, no 99º dia ,ano-novo. Todos comemorando, Totó esperando e a esperança de Totó definhando.

Desistiu.

Aqui para a narração do filme.
Ele foi perseverante, mas cansou.
Estou cansando também de certas situações, nem sei porque ainda acredito. Essa minha mania masoquista de ter esperança e um velho amigo já dizia que a esperança é a ultima que morre mas a primeira que mata...
Cheguei a conclusão de que perseverança ficou para os fracos. Os bons desistem logo e partem pra outra numa boa.






*Libertação.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Prece




Um vez uma senhora que muito me amo contou-me uma história assim:
''Teve um dia que me peguei pra rezar o terço, rezei o dia inteiro. Ofereci ave-maria pra tanta gente que já nem sabia mais pra quem oferecer.
Parei e perguntei: e agora minha Nossa Senhora?Eu já não sei pra quem ofertar.
Atravéz do dom da visão ela olha Nossa Senhora aparecer no céu com seu manto-todo-azul a dizer:
Reze pelos corações endurecidos deste dia, por todos aqueles que não souberam se achegar a Deus."
E assim ela o fez.




Hoje tenho uma prece Nossa Senhora, ilumina o coração do meu irmão. Ele é duro mas bom por baixo de toda grosseria. Obrigado por me ouvir. Amém.


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Carnaval a dois


Carnaval está chegando.

Todos se preparam pra festa.

Eu só quero um peito pra me encostar.

Não quero fantasias nem danças.

Basta ter quem amo junto a mim de madrugada.

Nossa alegria fica explícita de uma maneira simples

Um só olhar e um só respirar.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Vou borboletear




Borboletar

É a vontade que estou sentindo.

Borboletarei

É aquilo que vou fazer.

Borboletai-vos.

É o conselho que dou a vocês.

No fim das contas todos nós precisamos sair do lugar para sentir o cheiro das flores.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Cantada


Fome do teu beijo.

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Me alimenta?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sábado de noite





Da particularide da [minha] vida.



Chego sábado à noite na casa do meu namorado quebrada por um dia preocupante e cansativo, larguei a mochila num sofá próximo. Minha cara não era das melhores, eu tinha o corpo dolorido e a cabeça dóia, pra completar meu estômago roncava. Vinha na condução sonhando com uma pizza.
Fui tomar banho, acompanhada. É preciso estar realmente à vontade com quem se gosta pra dividir uma hora tão íntima. Esse momento relaxou minhas tensões, tocava presente de um beija-flor e ele me puxa pra perto do peito pra dançar-mos cantarolando baixinho.
Sempre fico nervosa. Com medo de fazer feio, mas nessa hora até esqueci o medo que tenho de dançar.
Era só nós dois, a água quente que descia e o cheiro de sabonete.
Era o ato gratuito que meu espítito precisava
Pra minha alegria havia pizza na mesa, de frango com catupiry me esperando.
Corpo, alma e pensamento andando conectados. Conjunto perfeito pra ser feliz.

Sábado de manhã


Da banalidade da [frágil] vida.

Sábado de manhã eu observava as margaridas amarelas lá do sítio e olhava também as abelhas que ficavam namorando-as.
Absorta pensava: tudo é vida.
Essas flores, essas abelhas, a terra fria que pisava.
Morpheus é um grande amigo, caiu feio batendo a cabeça e neste dia, estava na UTI. Essa vida mexeu com a minha e mesmo se fosse primo, irmão, desconhecido de alguém próximo, eu iria querer saber melhoras dessa pessoa.
Não perdi a capacidade de me importar.
Quando estou magoada, digo que não ligo. Isso não é verdade[ ok, eu me rendo ]aqui admito que impacta sim quem me causou alguma dor.
Mas o que me espanta mesmo é o desprezo do homem pelo homem. Agora sim chegamos a banalização da vida.
Tenho lido as notícias de enchentes e das consequências delas, porém há sempre um idiota a dizer '' ah, todo ano isso acontece " em tom de desdém. São tão cegos que não vêem o que há por traz disso, que milhares ficam de luto e sem abrigo.
Isto é ser humano?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Primeiro dia de aula


Primeiro dia de aula. Cheguei no segundo horário e atrasada!
Preciso perder esse péssimo hábito...Olho pelo vidro da porta minha turma e vejo Carlos Ronchi[o teacher] que até se acostumou com meus atrasos de períodos anteriores.
Entro e o povo me olha com a suspeita mochila preta, começam logo a rir. Mochila esta alvo de suposições como:
Estar acampando.
Fugir de casa.
Ser expulsa de casa.
Brinco muito com a última ideia , acho que da próxima vou dizer que estou carregando um alienígina.
Sentei e falei[na maior cara-de-pau] pra Ronchi:
- Professor, tô vindo de Alagoas, andei vendendo uns artesanatos, pulseirinhas e deu até pra comprar um relógio pra não perder a hora.
Esse cara adorado, de humor fino e sagaz me responde:
-E pelo visto não adiantou nada né?!
Todo mundo cai na risada, eu rindo junto.
É bom voltar às aulas.