quarta-feira, 31 de março de 2010

Henri-Cartier Bresson


No começo do ano inventei de a cada mês homenagear uma pessoa que admiro. Começamos por uma diva do samba de raiz: Dona Clementina de Jesus. Depois pelo puta escritor de literatura marginal: Ferréz. E nesse finzinho frio de março o prêmio fica com Henri-Cartier Bresson.
Que foi um dos maiores fotojornalistas do século 20, Bresson faleceu com 95 anos, fundou uma agência(a Magnum) com Robert Capa, ouro ilustre fotográfo que morreu cobrindo uma guerra. Gosto dele em especial por não criar cenários para suas imagens, por sua sensibilidade de captação do instante...tudo começou quando ele viu três crianças nuas correndo para o mar no Congo. Me identifico com esses elementos que dispararam sua inspiração, guris, liberdade e maresia.
O francês era chamado de poeta do cotidiano, imprimia suas imagens em preto e branco e foi o primeiro fotográfo a expor no Louvre, de acordo com o site da Wikipédia ele foi também o primeiro fotográfo a registrar a extinta União Soviética, eunucos imperiais chineses, logo após revolução cultural e os ultimos dias de Gandhi.
Ele flagrava o simples, o espontaneo, no momento decisivo como ele chamava.
Na minha teimosia de aspirante a fotográfa vou clicando os pedaços do dia-a-dia de maneira singela, do jeito que sei fazer. Fotografar é um outro jeito de denunciar, recitar e cantar a realidade.




Maiores informações para os curiosos.



"A fotografia por si só não me interessa, mas a reportagem sim, a comunicação entre o mundo e o homem com este instrumento maravilhoso do tamanho da mão que nos faz passar desapercebidos. E assim participamos. É uma dança entende? É uma grande alegria fotografar assim".
Henry Cartier-Bresson



domingo, 21 de março de 2010

A declaração pós-suor


Declaração pós-suor de um domingo de chuva.
Ele a olha com carinho, fala que quer ficar com ela, até ficar de cabelos brancos, bem velhinho. Quer ter pé de tomate, pé de laranja, uma horta pra não precisar ir à feira e um album de fotografias.
Ela o abraça. Suspira e ri dizendo: o quarto está com o cheiro da gente.
Lá fora fazia frio, na cama havia calor.





sexta-feira, 19 de março de 2010

Confesso


Confesso que passo da hora de dormir.
Confesso que tenho alergia a batatas e que como mesmo assim.
Confesso que reprovei na disciplina de Materiais e Suprimentos.
Confesso que minha mãe ainda não sabe disso.
Confesso que tenho cíumes.
Confesso que estou aprendendo a lidar com isso.
Confesso que sou teimosa.
Confesso que não deixarei de teimar.
Confesso que por traz dos meus olhos doce há uma tenaz guerreira.
Confesso que falo imoralidades.
Confesso que adoro o mar.
Confesso que sinto nele uma incrivel liberdade.
Confesso...




Ps: Eu, juvenal e a garrafa de fanta.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Coisas da mamãe



Manhã de quinta-feira, sentia um ventinho frio vindo do ar-condicionado barulhento da sala de aula, todos estavam concentrados nas análises de balanços e eu matando aula, escrevendo numa folha emprestada, com as unhas pintadas de um turqueza altamente vibrante. Só minha mente não vibrava nada, tinha deixado os neurônios desligados da tomada. Não estava muito afim de saber se a empresa X tinha liquidez pra pagar suas contas no longo prazo ou sobre a diminuição de aplicações financeiras...Peguei a imaginação e fui passear.
Fui numa rua lá da minha infância, exatamente na terceira travessa da Rua Nova, onde ficava minha antiga casa. Encontrei mamãe fazendo suco de laranja num papeiro, tinha um sabor de fim de tarde quente que nunca mais encontrei.
Ela carregou meu corpo e minha preguiça até a rede e ficou me embalando com músicas de igreja, era sempre assim depois do meio-dia. Toda criança tem uma cor, vivia furtando muitas delas.
De noite, antes de dormir, a mulher que neste momento está bordando flores num lençol vinha ler para mim o Pequeno Príncipe. Contava a estória do menino que via o pôr-do-sol tantas vezes que não contava nos dedos, das suas lutas com o baobá, que havia uma rosa orgulhosa no seu planeta e de como ele queria o desenho de um carneiro.
Mamãe nunca entendeu de arte mas pincelava tons rosa-poesia ali na minha cama. Aos seis anos este era o quadro da minha realidade.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O Estranho


Surgiu um contato, assim de repente, sem propósito. Um simples oi.
Ele é alto, tem um cachorro branco que não lembro o nome, gosta de andar de meias na grama molhada, me intriga a cabeça e volta e meia me mandava músicas do Interpol.
Adora bancar o senhor mistério, me enchia o saco às vezes, mas era danado de instigante.
Um dia lhe mandei uma carta.
Um dia ele sumiu.
E apareceu meses depois me causando inspiração pra escrever isto aqui.
Passei o dia inteiro atraz de não sei o quê com papel e caneta, eu desenhava círculos com a mente vazia e a tv ligada num canal qualquer.
Ele me pede pra ver o céu, ver as estrelas. Hoje não tenho saco, dores de cólicas mentruais me tiram essa tal de poesia.




Alê Lemos, eu roubei a sua foto.

terça-feira, 9 de março de 2010

Queria ser marinheira




Queria ser marinheira.
Enfretar piratas, monstros gigantes e tempestades
Ver as lindas sereias me chamarem pra passear.
Queria ser marinheira
E encontrar a vaidade feita de conchas num colar
Queria ser marinheira
Para enfrentar os adversários que surgirem com uma espada afiada
Mas não posso ser marinheira, minha embarção senhores, está no meu imaginar.
E assim vou içando velas e pego o leme, fazendo do mar a minha casa.
O meu alento
Navego sem bússola para me encontrar.

domingo, 7 de março de 2010

O beijo de Luana


O sol veio me vestir as sete horas de sábado lá no sítio, meu corpo ainda respirava sono. Havia deitado meu cansaço tarde.
Despertei com um beijo babado de criança no rosto, era Luana. Mocinha de seis anos, muito teimosa, de grandes olhos castanhos e forte tendência de estar com as roupas sujas de terra, sempre foi muito carinhosa, este beijo vai pra minha coleção de acordar.
Fico aqui pensando com a minha rinite sobre as compensações que a vida dá, sua mãe M. é mãe solteira, trabalha de doméstica, tem uma casa de taipa de três cômodos e sonha em fazer um curso profissionalizante pra sair da cozinha dos outros. Ela me conta que toda noite essa mocinha canta pra ela antes de dormir, canta sobre um botão de rosa perfumado que ela vai colher com muito cuidado para a mamãezinha. Acredito que ali naquele momento ela encontra o acalanto para os problemas e força para enfrenta-los no dia seguinte.
Faço minha cara de durona e sou uma besta pra chorar. Sabe, eu queria ter dinheiro, não pra comprar um Iphone ( não sei nem se escrevi certo), pra ir em um show ou comprar uma calça de 300 contos, eu queria pra ajudar cada amiga-irmã que precisa do essencial pra viver, por que me dói muito a garra da impotência que me estraçalha o peito, dói saber de uma batalhadora que sofre de gastrite e só têm farinha com açucar pra comer.
Do pouco que tenho eu dou e me dou, sem banca de boazinha! Tantos são os que ligam pra porra do Criança Esperança que abate metade dos impostos da Globo pra confortar o ego e não percebem que há uma chamada muda de quem está do seu lado.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Indicações


Ganhei um selo pro blog, o primeiro. Não sei se outros virão, mas fiquei feliz por algo tão singelo.
A pessoa que me indicou é mesma que me incentivou a escrever: Abiodun.
Muito obrigado, por me apoiar e por encorajar a continuidade da escrita, eu sempre tão tímida e envergonhada das minhas letras...
E como manda a regra, repasso este selo para outros sete blogs que aplaudo de pé. São todos maravilhosos com suas caractrísticas únicas.
Segue a homenagem.