terça-feira, 22 de outubro de 2013

Embargo

Mamãe anda mexida esses dias. Vez ou outra se acalenta na comida mal disfarçando suas ansiedades.
Ela foi no hospital buscar um remédio e olhou um menininho bonito  de óculos escuros da mesma idade do neto. Dois anos.
Sua cabeça era tão lisinha. Câncer.
De tanto ir a hospitais a gente acaba naturalmente fazendo amizades rápidas , porém marcantes. Começa a compartilhar aprendizados e histórias.
O diálogo se segue na doçura eDona Nilce pergunta : mãe onde foi a doença dele ?
Nos olhos.
E ele vai ficar bom ?
Tiraram os olhos dele.

Ela embarga. Eu também.
 Fiquei triste por ele. Tão pequeno e arrancado das cores do mundo. Tão pequeno e já  não poderá brincar de esconde-esconde. E tão pequeno fica o coração de uma mulher que não pode mudar o sofrimento do seu filho.
Nessas horas nos vemos mesquinhos, cheios de falsas preocupações, ensaiados de uma realidade
 suave e superficial.
Que a gente saiba aproveitar a visão. De não enxergar apenas a festa mais próxima , o boleto do carro a pagar ou a unha descascada por fazer , mas de se ver como um ser humano que precisa crescer como pessoa.  Que precisa olhar o outro com mais tolerância e menos julgamento. Que procuremos descortinar em nossas retinas os verdadeiros valores pra viver.
E antes de tudo doa, se doa. Não vai doer.
Doe sangue, doe roupas , doe livros, doe conselhos, doe sorrisos.




quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Saninade.

Sanidade não me abandone.
Eu tô carente e tô cafona . Olha a pomba-gira tá aqui dentro batendo asa doida pra sair.
Sanidade não me abandone.