quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Quando a palavra não te deixa ilesa.


Quando a palavra não te deixa ilesa ou quando a verdade não te deixa ilesa? Não sei dizer ao certo tão ligada a coisa está. Escritores como Clarice Lispesctor e Caio Fernando Abreu e tantos e tanto outros possuem o dom de nos ferir a alma. Lendo Eduardo Galeano tenho andado assim. Machucada.

Galeano chega até as minhas viscéras.

Às vezes a palavra nem precisa ser escrita, nem precisa ser dita. Já sai gritando poraí. Grita pelos olhos: tenha compaixão de mim, eu luto por mim, eu desisto de mim...Vai pulsando nas veias de quem tem sangue e não água no corpo. Ainda tem gente que se faz de surda, de cega, de muda e paraplégica com a verdade a berrar.
Eu pegava um engarrafamento em direção ao trabalho quando o escritor uruguaio diz. '' Doze milhões de crianças menores de cinco anos morrem anualmente em consequência de diarreias, anemia e outros males da fome''. Parei. Apartir dali fiquei com o livro na mão imaginando a quantidade enorme de crianças, quantidade que não faço ideia.

Fui golpeada.

Não conseguir virar para a próxima página. Não dava e ainda não deu. Seria indecente demais passar por cima de fato tão triste como se fosse banal!
Pensei em quantas Milenas, Paulos, Marianas e Davis estava sofrendo, sobrinhos que tenho no mundo e não conheci.

O livro continua fechado em minha bolsa. Dificil de digerir.


Ps: fotografia do fotojornalista brasileiro: Sebastião Salgado.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A procura de uma bulacha II


De novo na van eu voltava pra casa. Quase ocorria um acidente com uma moto e uma saveiro. Quando o motora passou viu uma moça dentro do carro berrou: só podia ser mulher mesmo! Me emputeci e fui defender a raça berrando também: isso acontece porque quem dá aula nas auto-escolas são homens.



Ahaahahaha.

Sim, eu sei. Tô procurando apanhar.
Didi. atrevida desde 1988. Ano em que me atrevi a nascer. ^^

A procura de uma bulacha I


Experimente pegar qualquer transporte coletivo da ilha de São Luís para ter uma prévia da má educação do maranhense. Eu sou da terra e posso falar. Era domingo à noite, rumava pra Feira do Livro prum café literário e lançamento dos livros dos pais de Abiod. Na van vinha um grupo de homens meio embrigados, barulhentos e com uma mini-piriguete a tiracolo. Havia uma senhora com um recém-nascido e foi preciso chamar a atenção deles.
Gente. Eu virava serpente, minhoca, largatixa, tudo que era bixo fléxivel pra manter mina integridade física. Um deles me enchia o saco queria saber meu nome, se era casada. Ficava calada de cenho fechado. O imbecil era negro e estrábico, num sou essas buniteza toda, eu sou feia, mas ele era doente de feio!
Daí falei: num sabe beber não bebe, num sabe fumar num fuma, cês tão passando vergonha e tão achando isso legal. Depois dessa se mancaram. Exceto o mané horroroso que relatei, o enjoado pedia desculpa e queria pegar na minha mão de qualquer jeito. Dizia que eu não ia esquecer dele. É , eu senti vontade de pega-lo pelo pescoço, eu considerei a possibilidade de fazer muay thai nas férias só pra socar idiotas assim. Não tem como esquecer. O cara me tocou o braço uma vez, na segunda disse: não me toque uma terceira vez, fique calado e recolha-se a sua mediocridaade.
Depois dessa eu podia receber um tapa bem dado.

E acreditem, cheguei em casa intacta e com um exemplar do Galeano na mão.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Eu queria ter...




Eu queria ter tempo pra pescar. Passar o dia ao sol esperando um peixinho morder a isca.
Eu queria ter tempo pra rir, não rir faz tanto mal pra minha saúde que o caleidoscópio dos meus olhos pára de brilhar.
Eu queria ter tempo pra abraçar minhas pessoas queridas.
Eu queria tempo de descer na praia e ser apenas uma onda criança que brinca na beira mar.
Eu queria tempo pra ver um filme bom, com aquele gosto meio triste de fim de tarde.
Eu queria tempo pra pegar um livro e viajar. Conhecer histórias de tantas e tantas galáxias literárias.
Eu queria tempo pra deitar na cama da minha mãe, fazer carinho nos seus cabelos lisos e conversar.
Eu queria tanto da beleza dessas pequenas coisas. Eu queria tudo isso só pra sentir no rosto a brisa de uma felicidade inefável. Essas nuances da vida são vitais para mim. Porque faz tanto tempo que não tenho tempo que já nem sei quanto tempo faz...






''Mas as palavras aos poucos foi me desmistificando e me obrigando a não mentir''.

Clarice - Uma vida que se conta por Nádia Batella.
*Trecho extraído do blog: http://aartedaliteratura.blogpot.com/









domingo, 7 de novembro de 2010

Minha tristeza particular.

Quando uma tristeza mora dentro de você, você não consegue expulsa-la de uma vez. Dá um conselho aqui e ali, a convence a procurar outros lugares, ir passear, ver o mar.
Minha tristeza até quer sair, mas anda impossibilita com as pernas quebradas. Vestiu uma roupa de dormir e decidiu que não quer comer.
O mundo gira todo dia, gira tudo, gira tanto e eu vou girando junto. Tentando acompanhar. Correr não dói, viver sem poder descansar o almoço, me dói é parar. Me dói é essa solidão que tô sentindo, esse desânimo de mendigo velhinho que me denuncia o olhar. Querer estar a 300 km/hora só pra se enganar, só pra disfarçar o tempo, aquele tempo que baixa minha cabeça, que me deixa impotente porque não posso o mudar.
Da minha alma conheço a geografia. Hoje o dia foi nublado com pancadas de chuva. É tanta pancada que a chuva já me sai dos olhos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

No fuso horário do Acre.


Quarta-feira.
Dormi às três da manhã trabalhando e não dei conta de levantar 6:10.
Cheguei atrasada para o segundo horário, eu chegar atrasada já é coisa corriqueira. Enquanto subia a rampa me preparava pra piada. Vergonha não tenho, perdi a minha faz tempo, se houver algum resto; ta no bolso bolso da calça.
Carlos Ronchi, meu professor de logística olha pro relógio, dou bom dia.
Daí ocorre o seguinte papo:
Cê está no fuso horário do Acre?

Didi secando a testa com uma toalhinha : Professor. Precisei pegar três canoas pra vir aqui.

Pra essa tua cara-de-pau tem que ta respingando mesmo!!! Risada Geral.


*Arthur disse que vai me dar um oléo de peroba. Agradeci. Afinal de contas preciso iluminar minha cútis.



Nota: Ronchi dá aula pra minha turma desde o 3º período, tô no penúltimo, o que nos permite certas brincadeiras. Como dizer que a franja dele é emo.
Nota² : Festinha do Dia Internacional da Mulher. A guria de vestido estampado e riso gigante sou eu.
Bejos a todos e saudade de ler os blogs das pessoas lindas que passam aqui pra ler minhas doidiças..
sem tempo.